Wednesday, June 27, 2007

Competição em paralelo com formação: Prós e Contras


É um ponto que, se para muitos é um dogma, para outros continua a ser um centro de questão e debate.
Actualmente, a competição existente na formação de futebol tem “contornos” de competição de adultos, ou seja, jovens em fase evolutiva, lutam para subir, para não descer, para seguir à próxima fase e para vencer campeonatos nacionais.
Isto é apenas um reflexo social, pois se estivermos atentos vemos que estamos numa sociedade cada vez mais competitiva, com mais ânsia de vencer, não olhando a meios para chegar aos fins, uma sociedade que não contempla a vida, não dá espaço ao pensamento profundo, é a sociedade onde quem não é stressado é que está fora do “normal”. Com tanta competitividade não sobra espaço para ter momentos de relaxamento e formação sustentada, criticando o que está mal, ou revertendo a necessidade de ir contra as regras para justificar a vitória.
Urge formar os jovens correctamente, com tempo, com bases sólidas, incutindo valores morais, porque ao formar “hoje” melhor os jovens, vamos ter uma melhor sociedade “amanhã”. É a mais simples verdade, mas que a muitos incomoda ou não lhes convém que assim seja.
Voltando à formação dos jovens futebolistas, a competição é vista por dois grandes grupos, os que são a favor do actual sistema competitivo implementado e, por outro lado, os que defendem somente a formação pedagógica, sem um grande nível competitivo.
Os que argumentam a tese da competição actual têm como premissa a necessidade dos jovens se adaptarem à competição, vivenciando desde cedo o que são as “leis” do futebol, a lei do vencer e não perder e que se não tiverem uma competição real e efectiva não se prepararão para o futuro.
Os que têm a tese de formação pedagógica sem grande competição, argumentam que a pressão exercida sobre treinadores e jogadores é de tal forma grande que leva ao abandono prematuro de jogadores, e a uma evolução não correcta.
Eu tenho uma opinião própria, na realidade uma mescla comparativamente aos dois grandes pólos de discussão.
A competição tem que ser equilibrada, não pode exercer uma grande pressão sobre os jogadores e técnicos. Porquê? Devido ao facto de que ao estar pressionado o técnico vai optar por colocar os jogadores mais capazes no momento contrariando a teoria de que na formação deve-se dar oportunidade aos que têm maior potencial e não aos que estão mais aptos no momento, pois isso levará à desmotivação dos jovens potenciais não regularmente utilizados, não ganharão experiência de jogo e com o tempo poderá levar ao abandono da prática da modalidade. Mesmo para os próprios jogadores a pressão de descer de divisão, impedirá que estejam mais relaxados para no jogo evoluírem e explanarem a sua criatividade e perícia, restringindo ao jogo táctico e muito disputado. A nível do treino o treinador não terá tempo para explorar alguns aspectos pertinentes a nível de evolução efectiva do jogador, como a técnica e aperfeiçoamento e treinará e valorizará em grande escala, desde cedo, as funções físicas e fisiológicas do jogador e a exaustão táctica. Outro factor importante que é subjugado sistematicamente por esta competitividade é o factor moral. Deixa-se de parte a construção da personalidade sã dos jogadores, para valorizar em demasia a vitória, não olhando a meios para atingir os fins, o que pode tornar o jovem um Homem menos íntegro, se este não souber filtrar a informação e tiver consciência plena do bem e do mal.
Por outro lado não concebo uma evolução sólida de um jogador sem alguma competitividade, pois não saberá lidar com a ansiedade e responsabilidade e poderá negligenciar o treino, ou seja, despreocupar-se-á de trabalhar em plenas condições pois sabe que não tem grande responsabilidade. A presença de competição é um factor fundamental para a evolução sustentada do jovem.
A grande questão está em activar mecanismos que permitam a remodelação do sistema vigente de competição na formação. Não é saudável uma competição acabar para os clubes que não passam à segunda fase, terminando assim a época prematuramente, sensivelmente em Abril ou Maio, se não mais cedo. Mas o pior é que esses clubes sessão quase que instantaneamente a actividade, ficando os jovens, que necessitam de treino, sem treinar durante quatro meses, por vezes.
Uma hipótese é fazer campeonatos mais prolongados, ou por outro lado competições e torneios amigáveis regionais, de forma a promover a continuidade do funcionamento das equipas. Quanto ao nível competitivo dever-se-á escutar treinadores, dirigentes desportivos, pedagogos, recursos humanos com suporte científico e prático na área de futebol de forma a proceder a uma remodelação salutar do quadro competitivo na área do futebol de formação.

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