Wednesday, June 20, 2007

O “tacto” pedagogo dos treinadores de formação


Em formação, o treinador não se deve limitar a ser um mero “artesão” de jogadores. Em muitos clubes continua-se a assistir aos treinadores de formação que lidam com os jovens como se esses fossem adultos, ou pior, são de tamanho autoritarismo que não escutam os seus atletas, não os acompanham, não conhecem realmente os jovens com quem lida, preferindo “apenas” assistir ao desenvolvimento, ao rendimento e à vitória. Se não rende, o jogador não é eleito para jogar, se não evolui não joga, se tem culpa num lance ou faz um mau jogo, no próximo poderá já não ter lugar.
Não se preocupam em procurar causas, não têm um diálogo com o jogador que possa sondá-lo e perceber os seus receios, ambições e sonhos.
Também há os treinadores que com a obsessão da vitória, utilizam o jogador necessário passando por regras de consciência, injustiçando jogadores, usando e abusando da boa vontade dos atletas, não olhando para o potencial futuro, mas para o rendimento momentâneo.
Obviamente nem todos os treinadores de formação têm estes defeitos, mas ainda se assiste regularmente a estes casos, que são “trágicos” para o futebol. Porém mesmo este tipo de treinadores têm qualidades, só que não são específicos para a formação de jovens.
Começando nas escolinhas, cabe ao treinador dar uma formação ao nível do desenvolvimento motor e técnico da criança. Simultaneamente deve formar-lhes a personalidade de uma forma correcta, incutindo valores essenciais como os de trabalho em equipa, sacrifício, ambição, trabalho contínuo, confiança, perseverança, dedicação, lealdade, respeito, tolerância e honestidade.
É nesta faixa etária que se criam os “suportes básicos” do atleta, mas mais que isso, do Homem, que tem uma vida quotidiana e que deve transportar os bons valores desportivos para a escola, para casa, para onde quer que vá!
Se o jovem adquirir todos estes valores mais facilmente evoluirá, no plano futebolístico pois trabalhará para obter melhores resultados, saberá lidar com os problemas e terá capacidades de socialização. Todos estes valores também serão importantes para na escola ter motivação para trabalhar e obter uma boa formação curricular. É da competência do treinador alertar os jogadores para o trabalho escolar, para a sua formação académica, pois se como jogadores não alcançarem grandes resultados, como alunos irão ter recursos para ter uma vida estável.
O treinador deve dialogar regularmente com os jovens, escutando os seus pensamentos, tanto no futebol como na vida “normal”. Tem de ser um amigo no timing certo, mas deverá ter o distanciamento necessário para não perder a “chefia” de treinador, pois os treinadores demasiado permissivos acabam por ser tão brandos que não auxiliam os jogadores na sua formação.
Também é da incumbência do treinador aproximar os pais do futebol, não permitindo porém que estes se tornem obstáculos, pois há pais que se “intrometem” em demasia no funcionamento de uma equipa, “exigindo” determinadas acções do treinador e do seu filho.
O treinador deverá dialogar com os pais no sentido de estes acompanharem os filhos nos jogos, apoiando-os, motivando-os. Atenção! Deverão os pais serem alertados para não darem indicações aos seus filhos pois isso perturbará o discernimento e recepção de informação do jovem que em campo só deverá ouvir os conselhos do seu treinador.
Devem sim apoiar o filho, aplaudir mesmo que erre, no jogo. Em casa devem falar sobre o jogo, reflectirem sobre o que esteve bem e mal e deixar o filho encontrar a solução para resolver o seu problema. Também podem nos tempos livres ir passear com o filho e jogarem descomplexadamente facultando um desenvolvimento técnico espontâneo.
O treinador deve então instruir os pais, mas também deverá estar receptivo a aconselhamentos e deverá procurar informar os pais da maneira que tem trabalhado, a finalidade, os objectivos a cumprir, para que estejam mais atentos e sensibilizados ao percurso formativo do filho e para que percebam as atitudes do treinador.
A acção do treinador deve corresponder ao que este incute, ou seja, se ele incute coerência e ambição, as suas acções devem corresponder à teoria, pois, caso contrário, provocará efeitos possivelmente danosos na formação do jovem.
A formação técnica e mental do jogador deve numa fase inicial ser a prioridade do treinador, se possível, a isto, deve aliar vitórias que corresponde à ambição e habituação a ganhar, sendo que nas derrotas deve retirar a ilação e junto com os jogadores procurarem discutir a causa e resolve-la.
O atleta tem de ser formado segundo regras específicas, é preciso ter cuidado para não formar mal o jovem, pois isso terá repercussões nocivas à sociedade, pois um mau desportista a nível de valores será provavelmente um Homem de igual categoria.
Desta forma a regra geral é sensibilidade, moldando da correcta forma os jovens, tendo paciência, persistindo e não desistindo deles, pois o que hoje parece difícil amanhã poderá resultar. Formar Grandes Homens e Grandes Atletas, num único ser!

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