Friday, June 22, 2007

Potencialidade e Paciência v.s. Rendimento Momentâneo e Impaciência


Todos diferentes, todos iguais! Uma frase muito celebre, reconhecido nos direitos humanos, mas que pode ser muito bem aplicada no “mundo” complexo da formação de jogadores.
Desde que nascemos até morrermos, temos diferentes etapas evolutivas, mentalmente, fisicamente e biologicamente.
Há médias estipuladas para cada fase, ou seja, em determinada faixa etária a média é ter a determinada altura, peso, massa corporal, mentalidade entre tantos outros factores.
Porém todos têm o seu nível de desenvolvimento. Uns têm um desenvolvimento precoce, outros crescem dentro da média e, por fim, alguns demoram mais algum tempo a se desenvolver.
No futebol a pressão competitiva afecta, desde de tenra idade, os jogadores, assim como os treinadores. A muitos responsáveis técnicos são exigidos resultados competitivos, ou seja, contempla-se a vitória e a classificação e menospreza-se o desenvolvimento dos atletas.
Assim, o jovem que tem um desenvolvimento físico e biológico precoce tem maiores probabilidades de jogar pois é mais forte, mais rápido, mais ágil, mais potente, mais capaz. Estão mais desenvolvidos e aptos a vencer, correspondendo assim aos objectivos dos treinadores, a vitória.
No meio deste processo há muitos que ficam para trás, os jogadores com menor desenvolvimento momentâneo, os que naquele momento não correspondem ao exigido a nível físico. Desta forma, não adquirem ritmo competitivo, desmotivam-se chegando mesmo ao ponto de ponderarem a desistência.
É de relembrar que no final da etapa evolutiva, a maioria dos jovens estabilizam, ficam com o mesmo tamanho e peso uns dos outros e, só nessa fase, se contempla as capacidades técnico/tácticas.
Nessa fase já pode ter sido tarde para os que tiveram um desenvolvimento mais moroso. Nesta fase os que tinham a início um grande porte atlético são muitas vezes excluídos da competição. Porquê? Porque enquanto se distinguiam pelo físico jogavam e com a competição evoluíam, mas depois todos os outros chegaram ao seu nível de desenvolvimento e, nessa fase, já não tem tantos argumentos que o distingam.
Não estou a menorizar a capacidade dos mais altos ou mais fortes, estou apenas a defender que não se deve olhar tanto para o desenvolvimento momentâneo, mas olhar sim para o potencial. Os mais baixos e menos desenvolvidos, podem ter grande qualidade potencial, porém como não são explorados, perdem as primeiras fases de evolução competitiva o que diminui a sua possibilidade de explanação potencial. Se o treinador tiver paciência e esperar a sua evolução a nível físico e o colocar regularmente a competir, vai evoluir e se desmarcar dos outros não pelo tamanho mas sim pela qualidade.
Se antes estava só a falar de tamanho, falo agora de potencial. Os treinadores põem a jogar os mais aptos naquele momento, mas poderá haver aqui uma questão. Há atletas que se desenvolvem muito rapidamente a nível técnico/táctico e assim levam vantagem sobre os outros, porém estes que se desenvolveram tão cedo vão estagnar possivelmente mais rapidamente, ou então, só irão evoluir a nível de maturação de jogo. Enquanto isso há outros com maior potencial, mas que demoram mais algum tempo a explanar o seu nível técnico/táctico.
O segredo está em não optar pelo mais apto no momento, mas fazer uma distinção de potencial, ou seja, captar os que maior potencial têm e dar-lhes tempo e oportunidade para se desenvolverem, pois, mais cedo ou mais tarde, vão-se adaptar e conseguir praticar a um grande nível.
Dever-se-á fazer uma equipa mesclada entre jogadores mais evoluídos e os com mais potencialidade, para que a médio prazo se tenha um grupo de jogadores com grandes capacidades pois tiveram oportunidade de evoluir mesmo que o seu nível de evolução fosse mais moroso.
Como mensagem final, digo que se deverá procurar o potencial inato e dar mais valor à evolução do jogador a médio/longo prazo, do que ao resultado momentâneo, pois se ele evoluir correctamente, quando for mais maduro, estará então mais apto e capaz a ser um grande valor a nível futebolístico.

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